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terça-feira, 31 de julho de 2012

Nova Turma

SE VOCÊ SEMPRE TEVE VONTADE DE PRATICAR CAPOEIRA , COM OBJETIVO NÃO SO DO APRENDIZADO ,MAS TAMBÉM MANTER UM CORPO HARMONICO E SAUDÁVEL.
( se voce ja praticou capoeira também sera bem vindo) ...
VENHA PRATICAR NA NOVA TURMA DA ADUFPI TERÇA E QUINTA 11:00 AO MEIO DIA INFORMAÇÕES AQUI . MESTRE CORUJÃO.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Roda de Rua!!!!




SALVE CAPOEIRAS SABADO DIA 28 APARTIR DAS 18:00 HR TERÁ MAIS UMA EDIÇÃO DA RODA DE RUA NA PONTE ESTAIADA ...TODOS CONVIDADOS , TRAGAM BOAS VIBRAÇÕES E MALICIA . SINTAM-SE A VONTADE , CAPOEIRA É UMA SÓ ...SALVE DEUS ...



Uma pequena amostra do que ocorre no último sábado de cada mês, sejam todos bem vindos!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O verdadeiro Mestre


“Mestre não é aquele que conquista pela força, mas pela simplicidade abissal do seu ser.”
Beija Flor

A capoeira se configura hoje como uma das melhores artes/lutas do mundo; esta genuinamente afro-brasileira. Com o passar dos anos, a capoeira vem se espalhando pelo mundo, sendo cada vez mais popular em diversos países: México, Argentina, Estados Unidos, França, Bélgica e outros. Hoje, essa arte é a maior divulgadora da nossa cultura popular brasileira e da língua portuguesa no mundo, independente das diferentes correntes de práticas e estilos.
O grande rei negro Mestre Bimba estava certo quando falou: “Criei a capoeira para o mundo.” Aquela, que era capoeira “regioná” hoje é “mundiá”. De fato, a capoeira hoje está nos quatro cantos do mundo. É neste contexto que ela foi difundida nessas últimas décadas muito rapidamente, e temos de considerar e respeitar os seus precursores, que pelo toque do berimbau atravessaram mares e, na sua determinação, abriram novos caminhos para negacear nossa arte/luta pelo planeta. Entretanto, é preciso observar que muitos mestres, professores e líderes de capoeira partiram de várias formas e lugares do Brasil para ensinar essa manifestação cultural brasileira. Não se trata aqui de uma abordagem ou discussão simplesmente banal ou subjetiva, mas de uma observação mais intrínseca e uma investigação mais apurada sobre os seus valores culturais, sociais, fundamentais e tradicionais da capoeira, levando em consideração e respeitando o seu processo histórico.
Pode-se perguntar que tipo de capoeira é ensinada, passada ou repassada hoje dentro e fora do Brasil. É necessário reconhecer que muitos não estão pensando de fato na nossa belíssima arte, luta, esporte e cultura, mas somente em seus grupos, instituições, mestres ou umbigo. “Os lobos talvez mudem a pele, mas jamais a alma.” disse o filósofo Erasmo de Rotterdam. Neste processo de individuação egocêntrico e narcisista, muitos estão remando contra a capoeira, pensando somente no seu bolso. Refiro-me ao momento de hoje, nesta contemporaneidade selvagem, onde tudo é muito rápido, sem valor, sem tempo, sem essência, sem filosofia de vida, tradições, fundamentos. Tudo é muito sem sentido, descartável, sem sustentabilidade. Tudo é um mero bel prazer dos interesses particulares de alguns líderes, comandado somente pelo seu ego. “Tudo se cria, mas nada se copia dos verdadeiros e velhos mestres.”

O sociólogo polonês Z. Bauman afirma que estamos vivendo uma modernidade “líquida”, uma sociedade “líquida”, amores “líquidos”, tempos “líquidos”. Para ele tudo muda muito rápido; nada é feito para durar, ser sólido. É um mundo de incerteza; cada um por si.
Nossos ancestrais e os velhos mestres eram mais esperançosos quando falavam de progresso. Referiam-se à perspectiva de cada dia ser melhor do que o anterior. Em busca de “evoluir”, do novo, do modismo, será que muitos não percebem que a capoeira está também mudando muito rápido? Em um atual estágio “líquido” impedindo de se solidificar, onde está o verdadeiro compromisso com a capoeira, seriedade e postura? Ou é mesmo falta de conhecimentos de alguns? Será que estão conscientes de que muitas coisas estão perdendo ou perderam nos últimos anos da capoeira? E eles continuam batendo cabeça, brigando entre si e presos em uma corda sobre o abismo. Praticamente não há sinal ou vontade para mudar e salvar a capoeira e não deixá-la seguir nesta obsessão coletiva de alguns mestres.

A crise está longe de terminar, e ainda viveremos suas consequências a longo prazo. A capoeira hoje está no centro das atenções. Mas ela só chegou, e ai? O que fazer agora? Para onde ir? De que forma preservar, fomentar toda sua história de resistência e luta secular, onde muitos mandam, inventam e destroem, constroem e reconstroem (graduações orientais, bengolas, super mestres, grupos alienantes, títulos medievais, estilos esdrúxulos, rituais religiosos, etc.), tudo como forma de verdade absoluta para gerações atuais e futuras? Eles estão pautados pelo “agora” que promete satisfações imediatas e resultados rápidos, ridicularizando todas as tradições, ancestralidade e fundamentos. Eles não percebem que tudo não passa de um mero fantoche dos outros e deles mesmos, seduzidos por uma ilusão, uma modernidade e um mundo desencantado.

Nesta capoeira “líquida”, será que realmente a capoeira é mesmo uma filosofia de vida? E os mestres estão realmente conectados com o real valor da autotransformação e realização que a capoeira pode fazer na vida de uma pessoa? Os capoeiristas modernos se defrontam com esses problemas, uma realidade muitas vezes compostas de aparências, um mundo de mentiras, fantasias, sombras, criações vazias, um estado de ilusão em que as coisas estão em incessante vir-a-ser, sem nunca serem duradouramente reais, verdadeiras, ímpares e de credibilidade. Muitos líderes destroem sonhos dos seus alunos.
Algumas instituições nunca chegam a lugar nenhum porque muitas vezes estão atrofiadas e desacreditadas, desvalorizando grupos, o outro, humilhando quem está perto e ironizando quem está longe.
Muitos são egoístas, tomados literalmente pelo ego. Mas o que seria o ego? “Um falso senso de identidade que temos dentro de nós.” Alguns capoeiristas agem baseados na raiva, inveja, culpa, medo, ódio, mágoa ou qualquer outro sentimento negativo ou pensamento velho e condicionado dos quais não conseguem se libertar. “Às vezes os fracos precisam diminuir os outros para se sentirem fortes.” Muitos podem até ter “boa intenção”, mas suas ações são egoístas. Nós, seres humanos, guardamos vários tipos de sentimentos desconfortáveis que ficam acumulados no nosso inconsciente. Os animais na natureza não produzem essa negatividade e por isso estão muito mais livres e em paz e mais conectados com a vida do que os humanos.
A capoeira que hoje está sendo jogada, cantada, lutada e divulgada muitas vezes não é uma capoeira de essência, de valores, onde o companheiro respeita o outro, valoriza o outro, joga com o outro, mas sim contra o outro. De onde vem esse impulso, às vezes, muito violento e desnecessário? Nas rodas, hoje os corpos gritam pelo Fighter inconsciente, um vale tudo na expressão facial, uma rejeição coletiva dentro e fora das rodas, com ações dissimuladas e rasteiras mesquinhas por parte de alguns deles.•.
Eles cantam os mortos, não cantam os vivos. Não elogiam, incentivam, aplaudem, valorizam o outro irmão pelo seu sucesso, talento, trabalho e vitórias, pois seu ego não deixa. Eles vivem mesmo no “CAPOEGO”! É ele mesmo que manda na sombra da navalha, pois todos querem ser o primeiro, a celebridade, o único, o campeão, ”o que fez e o que faz”. Outros vivem de passado ou sofrem da “síndrome de Gabriela”: ”Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim.” Portanto, é urgente que compreendamos: eles nunca chegaram ao estado de SER, nem no estado de TER, mas, sim, no estado de APARECER. Em suma, puro CAPOEGO, maquiados e vestidos para uma representação e espetacularização composta do nada, um abismo sem fundo.
Diante dessas questões, muitos estão escravos de si mesmo, não conseguem enxergar ou sair da caverna escura da sua própria ignorância. No fim das contas o problema não está necessariamente nas armadilhas do ego, nem em descobrir a saída do mundo de ilusão (Jung). O problema está nos prisioneiros.
O capoeirista moderno defronta-se com vários problemas que ele mesmo criou e recriou. Em outras palavras, vivendo em uma massa adormecida, passiva, que é moldada pela sua única vontade, só querem preencher onde eles sentem seus vazios. Homens encouraçados, vivendo a sombra do outro, a ilusão do outro, a neurose do outro, um estado continuo de carência “escravo da vontade, da ansiedade”. Desesperado para chegar a algum lugar que nem ele mesmo sabe de fato onde é. Um esvaziamento coletivo! Um egoísmo que faz do capoeirista inimigo do próprio capoeirista!

E a capoeira? Onde está a busca pelos princípios e fundamentos? Eles chegaram, mas a arte se perdeu. O capoeirista precisa pensar, investigar e observar a vida, a originalidade das coisas, sua própria caminhada, a capoeira no todo; rever os seus sentimentos e ações em relação a suas posturas como líder para não se tornar uma mordaça para o seu desenvolvimento pessoal e coletivo. É camarada, é hora de conhecer-te! Chamar este “CAPOEGO” cara a cara para uma luta na roda das ideias, definições, decisões e reflexões. Disse Lowen: “Uma pessoa que se identifica com seu ego, nega a importância do seu próprio corpo.”

Observamos que estes conflitos emocionais e inconscientes estão muitas vezes estruturados no corpo, na forma de tensões musculares crônicas, e são levados no dia-a-dia para o mundo da capoeira, seja no jogar, cantar, olhar ou na sua própria linguagem corpórea de um modo geral. Adorno disse: que a arte liberta o homem das amarras do sistema alienante e da indústria cultural, para não ser coração de máquinas.
“Penso que em águas profundas, torne-se mergulhador.”

Pois é, meus camaradinhas, o problema hoje é não ter problema, é olhar para trás e vê os mesmos problemas. Disse Sartre “[...] que o covarde se faz covarde, que o herói se faz o herói [...]”. Mas não é herói por um único ato; é, sim, herói a cada ato e a cada instante.
É necessário reconhecer que é hora, é hora! Vamos embora, camaradinha, que chegou a hora!
Temos muitos berimbaus para tocar, músicas bonitas para cantar! É hora de lutar e compartilhar, temos muitas rodas para jogar, muitos amigos para encontrar, e a hora não pode passar! Berimbau me chama, é hora de vadiar! A ladainha já começou, é hora de se emocionar! Temos muitos quilômetros para andar, uma nova historia para contar! É hora, é hora, camaradinha, de brincar com o corpo! Vamos balançar! É hora, é hora de começar ou recomeçar, pois a hora é essa! Vamos vadiar viver, sentir e pensar a verdadeira filosofia que a capoeira pode nos transformar! Quem não anda não ver o mar.

Vamos pedir a Vênia para a capoeira passar.

“Mestre é aquele que sabe que a arte de ensinar a mesma arte de aprender” (Beija Flor)

sábado, 21 de julho de 2012


(Saravá Bengola!)
Manaus-AM ,2010
Verão

Egolatria? Esquizofrenia? Ou um esvaziamento coletivo?
Na Banguela não pode bater, na Iuna não pode cantar...â€. Salve, salve mestre Bimba, o rei, o onipresente, onipotente, pai de todos nós.

Onde vai parar a Capoeira? Pois nos dias de hoje ela já está nos quatro cantos do mundo: escolas, universidades, projetos sociais, nas ruas, nas academias, e rumo às olimpíadas. A capoeira nasceu com ânsia de liberdade, uma luta, uma resistência, que figura na história do povo brasileiro. Mas, nessa pós-modernidade e neste consumismo selvagem e alienante, muitas tradições se perderam e os fundamentos estão sendo jogados ao vento, por muitos mestres e entidades representativas, desta arte afrobrasileira. Onde vamos parar? Na terra do nunca? Na roda do vale tudo? Onde tudo pode, tudo vale. Está virando um samba de crioulo doido.

A capoeira é a arte da gente. É alma do povo brasileiro, é metafísica, é patrimônio cultural e imaterial deste país; ela não pode estar sendo tratada de qualquer jeito, de qualquer maneira, demolindo suas tradições, seus fundamentos e ancestralidades.

Muitos falam que precisam evoluir, que precisam modernizar, mas é claro que sim. No entanto, existe uma diferença muito grande entre crescer e evoluir. Não se sabe, se o crescer é pra baixo, pro lado, crescer a barriga, crescer a bunda, mas evoluir são outros quinhentos meus amigos!


Nesta decadência atual de um esvaziamento coletivo, muitos capoeiristas que não sabem pra onde vão, porque veio e o que estão fazendo. Não sabem o que cantam, o que jogam e o que tocam. Pobres capoeiristas! Estão seguindo uma fila, um mestre, uma quimera, uma hierarquização do nada. Quem perde com tudo isso é só a capoeira.

Estamos assistindo uma espetacularização banal de pantomimas e sistematização de golpes vazios, em busca do nada. E muitos falam se o Mestre Bimba estivesse vivo, ele estaria evoluindo. Tenho certeza que o Mestre Bimba não estaria nesse abismo, pois a Luta Regional Baiana, é eficaz, objetiva e existe até hoje, ele é o cara!

Se muitos falam que não é angola e nem regional é um problema de cada um, pois para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer lugar serve.

Olhando essa capoeira pós-moderna e fazendo uma análise intrínseca da nossa arte, vejo que muitos capoeiristas estão perdidos, alienados, um mero fantoche, ao bel-prazer de pseudos mestres e instituições. São escravizados e seduzidos por uma ilusão, uma esperança do nada.


Viemos de vários navios, mas estamos no mesmo barco, dizia Martin Luther King. Vamos dar uma rasteira no ego, mestres! Vamos sair da caverna de Platão; vamos matar a egolatria grupal e do umbigo; vamos acabar com os conflitos corporais e vamos jogar na roda das ideias e ações em prol de uma capoeira de verdade, pois só assim seremos unidos e fortes para continuarmos apaixonados e enamorados por essa arte-luta afrobrasileira, guardando os seus fundamentos e tradições.

Precisamos refletir o que queremos deixar para as futuras gerações, pois eu não quero jogar e nem deixar a bengola, a capoeira do nada, da bunda no chão, do vazio, sem sentido (a angola da regional moderna).

A capoeira sempre foi e sempre será a arte que liberta das amarras do sistema alienante, não podemos esquecer quem somos e para onde iremos. É preciso ser forte e corajoso, de grande ousadia para poder lançar-se na busca da libertação, do espírito livre, do desprendimento, das coisas impostas verticalmente como verdades absolutas, por falsos mestres e entidades sem compromissos. Estão presos por uma filosofia barata, conceitos de ventos, costumes e crenças esquizofrênicas. Vamos acordar! Volte para o corpo, venha para luz!

A capoeira hoje não pode ser levada só pelo um ritmo de “bengola†e esquecer sua verdadeira essência. Onde estão o toque e o jogo de Iúna, Idalina, Amazonas...?

Quando Bimba tocava são bento grande da regional, que era um jogo forte, rápido e duro, depois vinha a banguela, mas hoje é diferente. Qual é o fundamento dessa capoeira de hoje? Joga o quê? Toca o quê? Se eles mesmos falam que não são regional e nem angola, mas tocam Bimba, cantam Bimba, falam de Bimba. É, Bimba ainda é água de beber e inspiração para muitos! Essa capoeira moderna não passa de uma neurose obsessiva, compulsiva e coletiva desta pseudo evolução da capoeira.

A capoeira está há muito tempo em crise, o que queremos mesmo? Graduações de cristais? Grão-mestres de ferro? Sistemas de grupos fechados? Enquanto o mundo está fazendo pontes, eles edificam muros. Penso que estamos perdidos no infinito, doentes e com sede na beira do rio , girando o rio e não conseguimos enxergar o rio. Espero que o atual capoeirista saia da sua armadura de ferro, das suas tensões musculares crônicas, das sombras, desse estado de ilusão.

O inferno está nos outros... disse Sartre. A capoeira está em transformação em burilamento, precisamos realmente despertar, fazer uma reflexão sobre o que queremos, o que faremos e para onde iremos? Porque forte mesmo é a capoeira! Verdade mesmo é a capoeira! Pois ela permanecerá e nós passaremos. Temos que seguir adiante olhando para o passado, respeitando as tradições e os fundamentos da capoeira com os pés muito fortes no presente para não perdermos o caminho, a nossa identidade, a nossa essência e os nossos valores e sermos verdadeiros guardiões desta arte-luta afrobrasileira.

Vá na Paz!

Aquele que nos derruba é forte.

Aquele que nos levanta é divino.

Mas, aquele que não faz pressentir.

Este é profundo. Nitzsche.



(mestrebeijaflor@...)


MESTRE BEIJA FLOR:Professor: Eraldo Gabriel.( Mestre de Capoeira,Filósofo.Teologo(UFC/ICRE)
Pós Graduado em Educação Inclusiva(UECE)
Epecialista em Ciência da Religião-ICRE-fortaleza-CE
Especialista em Capoeira Inclusiva(SBCI) e Educação
Infantil.Presidente da Sociedade Brasileira de Capoeira Inclusiva.

segunda-feira, 16 de julho de 2012



CAPOEIRA ANGOLA: NOSSA YOGA EM MOVIMENTO
 “Das Matrizes Africanas à Arte Metafísica”

 “Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres.”

Capoeira é Positiva. Capoeira é Negativa.
(Mestre Pastinha; 1889-1981) 

A Bênção aos Mestres: Vicente Ferreira Pastinha, Bimba, Cobrinha Verde, Noronha, Waldemar da Liberdade, Aberê, Traira, Canjiquinha, Caiçara, Paulo dos Anjos, Gato, Curió, João Grande, João Pequeno, Primo, Ratinho, Morais, Ananias, Nó, Abelha, Bamba, Eusamor, Jogo de Dentro, Rogério, Alvinho Sucuri, Robson Abaô, Raimundo Dias, Lima, Kunta Kintê..., e Mestras: Elma, Janja, Jararaca... A Bênção aos professores: Jean Sarara e Marta Tainha... A bênção a todos os iniciantes, aos mestres que já partiram e aos mestres e guerreiros que se encontram lutando nesta grande caminhada de nossa terra mãe.

CAPOEIRA ANGOLA MINHA GENTE É CAPOEIRAGEM. É AUTO CONHECIMENTO.
É ABISSAL. É dendê, é temporalidade, é ancestralidade, é natureza pura, é chão, é igarapé, é oceano, é inicio, meio e infinito. Capoeira Angola é para a vida. É arte terapêutica do sentir-se bem.

Esta arte busca trabalhar o self, o corpo, a alma. Seu objetivo é a essência humana. Capoeira Angola se apresenta como rara experiência, profunda, dos sentimentos humanos. Nela, são sempre descobertas novas, contínuas, próprias, para cada um que vem a praticar esta manifestação cultural e artística.
Seus efeitos são muito fortes; mexe e vibra o corpo todo partindo do jogo dos movimentos e principalmente de sua musicalidade e canto, que vai moldando o sujeito comedidamente, pois a música faz demasiadamente bem à vida e a todos. “A música é a hierarquização de todas as artes”. Disse o filósofo SHOPENHAUER.
Na capoeira encontramos esta simultaneidade de várias melodias dispostas harmonicamente. Num dado momento ela se revela uma polifonia e em outro se mostra numa onomatopeia. 

Compreende-se que a capoeira veio de longe, das gêneses do povo negro, de lutas tribais de matrizes africanas, dos xirês, quilombos, senzalas, matas, mocambos, aldeias, maltas, terreiros, barracões, portos, fundos de quintais, ruas, becos e ladeiras, dos valentões, guerreiros, gladiadores e muitos lutadores de grande coragem e defensores dos seus próprios direitos, preservando dessa forma suas identidades, sua natureza e ancestralidades, consciente ou inconscientemente.

Na roda de capoeira existem os encontros e desencontros, entradas e saídas, jogo de dentro e jogo de fora; capoeira na verdade é volta ao mundo, é dobrar da esquina, um berimbau bem tocado, uma ladainha bem chorada, é cabeçada, é rasteira, é um desequilíbrio para um equilibro , é chamada para uma possibilidade de recomeço, é linguagem corporal e verbal.

Para alguns ela é incognoscível, para outros, transcendência, pluralidade e transformação cabal.
Vista de perto, esta arte-luta-jogo para um homem distraído não passa de um mosaico tosco, porém para um menino de cosmo visão, ver este mesmo mosaico à distância é percebê-lo como a mais bela arte e mais profunda descoberta de sua própria estética. Nunca é demais ressaltar que esta arte representa toda uma historicidade e ancestralidade, vivência da resistência de um povo, luta, pura essência de liberdade.
A sua forma tem a concepção profunda do belo e acena para além da realidade; apela para que o homem, a criança e a mulher mantenham-se sempre em contato com suas origens, energias e com a terra que pisam. Abraçando e celebrando a vida, uma fonte eterna de renovação sem perder seus passos e suas riquezas sempre canalizados com as tradições e fundamentos.

Capoeira Angola não pode ser só vista ou praticada como uma repetição de movimentos estereotipados, pantomimas e sistematização de golpes performáticos, nem essencialmente divisão de cores grupais e temporalidade. Convém ter-se em conta que este jogo belíssimo tem raízes de baobá, tudo foi e ainda é africanidade e não uma reafricanização, pois suas oralidades e tradições se perpetuaram ao longo do tempo. 

É importante ter-se em conta a peculiaridade dessa pura dança metafísica. Em uma hora voando, noutras interiorizando-se no coração mesmo da terra, corpo e alma, pura simbiose; passos suaves, que vão plasmando os sujeitos no decorrer da caminhada pela vida.
O capoeirista vivência experiências transcendentais. Através dos movimentos busca meios para estabelecer elos entre mundos, aparentemente, antagônicos: o inteligível com o mundo sensível, o equilíbrio e o barravento, a magia e a realidade, a casualidade e espacialidade, o finito com o infinito.

Capoeira Angola é jogo absolutamente metafísico acontecendo na realidade física. Neste contexto, este ritual corpóreo vem unir os sentidos e instintos, emoção e razão, meditação e reflexão, iniciação e passagem, liberdade e justiça; simbologia e ritualismo tudo com uma só finalidade essencial para seu praticante: sentir a vida sentir-se bem, sentir o seu eu, a terra e o universo.

Muitos são encontrados na capoeira angola, mas será que realmente são dela? Muitos jogam capoeira angola, mas será que a sentem? Vivenciam a capoeira angola? Alguns cantam, tocam e batem o peito e exclamam: Pastinha, Pastinha, Pastinha, contudo vivem longe dos passos, ensinamentos, mandamentos e pensamento do velho e sábio mestre. Entrar na roda é para todos, vivê-la, senti-la e pensá-la é para poucos. Todos são alunos da roda da vida, mas poucos serão seus discípulos. Pensar dói, pois pensar é mergulho, encontro e desencontro, rupturas, retrocessos, reviravoltas e recomeço consigo mesmo. Disse C. Jung: “aquele que olha para fora sonha, aquele que olha para dentro acorda”. Não basta só jogar capoeira, tocar, cantar, dançar. É necessário vivenciar e sentir abissalmente, dia a dia, essa transformação; essa construção é uma renovação a cada dobrada nas esquinas da vida.

Capoeira Angola compõe uma terapia. É vida em movimento de energias corporais e quando o corpo está neste movimento é uma forma de comunicação com o mundo, com os outros e com o cosmo. ”E o nosso corpo é a nossa casa, é o alicerce da nossa identidade” (LOWEN).

É, meus camaradas! Capoeira Angola é um rio profundo, e rio profundo corre em silêncio. Capoeira angola não é um jogo qualquer, banal, espetacularização sem sentido. Não é um sal na minhoca. Sem dúvida que esta arte, tem sua árvore genealógica na África e suas raízes profundas com o mestre Pastinha. Definitivamente na roda de capoeira angola todos tem um pouco do filósofo místico e sábio mestre Pastinha: “Capoeira é tudo que a boca come”. Realmente o mestre sabia da importância desta representação. Atribui-se a esta manifestação corpórea inigualável a grandeza de uma obra de arte, enraizada fundamentalmente em seu caráter ambíguo e que deixa ao olhar do espectador a decisão sobre o seu refinado significado. Capoeira angola é livre. 

Quando capoeiristas estão no eixo da roda - portal energético - em sua espiral ou mesmo no pé do berimbau, eles ficam compenetrados, encantados, embriagados e confiantes, é estado de grande auto-realização, é momento impar, é hora de vadiar, negacear, mandingar. A finalidade deste momento crucial é única; todos os que tomam parte no jogo estão realmente condenados a ser livres, isso quer dizer que nenhum momento existe mais para sua alma- corpo-mente, portanto nada pode ser estabelecido, exceto aquilo que advém dos espíritos livres e de sua própria liberdade.

 “Ninguém vira angoleiro. Nasce-se angoleiro”. 

Mestre Beija-Flor
Tobias Barreto/Sergipe – BRASIL
Primavera de 2011.

sábado, 14 de julho de 2012



GALERINHA AMANHÃ DOMINGO, DIA 15-07-2012.
HAVERÁ AULA NA RUA DOM BOSCO SEM NÚMERO- VILA BANDEIRANTE 3.
ESCOLA MUNICIPAL DEPUTADO FRANCILIO ALMEIDA, PRÓXIMO A PRAÇA DO POSTO DE SAÚDE.
HORÁRIO DE 18:OO AS 20:00.
COM MESTRE CORUJÃO E AGULHA.
COMPAREÇAM!

sexta-feira, 13 de julho de 2012


“Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – nasceu em 23 de novembro de 1900, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, Bahia e recebeu o seu apelido devido a uma aposta feita entre a parteira e a sua mãe: a mãe dizia que seria uma menina e a parteira, convicta pelo seu conhecimento, dizia ser macho. 

Na hora do nascimento, surgiu a expressão: “GANHEI A APOSTA O CABRA TEM BIMBA E CACHO”! O apelido já nasceu com ele. Foi iniciado na capoeira aos doze anos de idade por um africano – Bentinho -, capitão da Cia. Baiana de Navegação, no que é hoje o bairro da Liberdade.

Bimba era um lutador renomado e temido. Ganhou o apelido de “Três Pancadas” porque, segundo se dizia, era o Maximo que seus adversários aguentavam, praticante de capoeira começou a ensinar em 1918, sendo seus alunos negros e mulatos das classes populares. Mas apesar da pouca idade (18 anos), possuía alunos também de classes privilegiada, como o Desembargador Décio dos Santos SEABRA, da família do ex-governador SEABRA ; Dr. Joaquim de Araújo Lima , jornalista (Imparcial e Nova Era) e mais tarde governador de Guaporé. Para estes e outros, as aulas eram particulares nos quintais e varandas de suas casas.

Mestre Bimba era um dos capoeiristas mais conceituados de sua época, pois, era muito carismático, excelente lutador e temido por alguns, pois em inúmeros desafios e combates públicos, havia sido derrotado. Mesmo sendo um “cantador” e percussionista admirável, era discriminado por grande parte dos artistas e intelectuais de Salvador (por ter criado a Capoeira Regional), porém era muito venerado por seus alunos.

Bimba empunhava regras para os praticantes da capoeira regional, sendo elas:
- Não beber, e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a consciência da capoeira.
- Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal arma dessa arte.
- Praticar os fundamentos todos os dias.
- Não dispersar durante as aulas.
- Manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível, pois dessa forma o capoeira desenvolveria mais.
- Sempre ter boas notas na escola.

Aos 29 anos de idade, o próprio Mestre Bimba contava: “Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”. Assim nasceu a Capoeira Regional Baiana.

Nos anos seguintes, Bimba teve grande sucesso. Em 1949, foi a São Paulo com seus alunos e realizou uma série de lutas com lutadores de outras modalidades. Em 1953, fez uma apresentação para Getúlio Vargas e recebeu o abraço do presidente, que afirmou que “a capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional”.

Antes de ir para Goiânia, Bimba formou sua última turma, uma formatura muito comentada chamada 'formatura do adeus', depois deste evento ele deixou a Bahia dizendo 'Não voltarei, mas aqui, nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério. ' Depois que ele se foi veio a Salvador apenas duas vezes e dizendo que estava tudo bem, mas dona Nair nos disse 'ele foi enganado. Não volta porque é orgulhoso'. Em 05 de fevereiro de 1974 um ano depois que deixou a Bahia, morria o mestre Bimba e foi enterrado em Goiânia.

Transladar os restos mortais de Goiânia para Salvador foi difícil, os seus alunos achavam que o lugar dele era Bahia "ídolo não se pertence, pertence ao seu Público”
Bimba obteve grande luta contra as autoridades, porém não uma luta de carne ou sangue, mas de dignidade e respeito à capoeira e aos capoeiristas, sendo assim nos deixou de herança:
• A sobrevivência da Capoeira;
• A liberdade da Capoeira;
• A profissionalização da Capoeira;
• A metodologia da Capoeira;
• O respeito da sociedade pela a capoeira;
• Além disso, Mestre Bimba também conseguiu que ficasse evidente, através de sua própria vida, o desrespeito e o descaso das autoridades pela nossa cultura.

Bimba, podemos considerá-lo um marco histórico na história da cultura brasileira, um divisor de águas, pois só depois dele foi dado o nome de Capoeira Angola e foi iniciado um movimento geral de resgate e preservação da cultura afro-brasileira em todos os seus âmbitos.
Cabem a nós capoeiristas, amantes da capoeira, mestres e professores divulgar, apresentar e lutar contra os preconceitos ainda existentes, para que possamos garantir as gerações futuras a oportunidade e o direito de ter a história preservada.

Salve MESTRE BIMBA!

quinta-feira, 12 de julho de 2012


CAXIXI - Trata-se de um chocalho de cesto originário da região africana do Congo-Angola, no qual era utilizado em funções rituais e cerimoniais, que adquiriu outros usos e funções no Brasil, ligados a práticas populares. 
A parceria do caxixi com o berimbau na capoeira é uma das expressões mais significativas que envolvem este instrumento, seguida pela sua utilização em manifestações da música popular brasileira. Ao reunir informações sobre aspectos da musicalidade do caxixi, pretende-se enriquecer o conhecimento e reflexão sobre a música brasileira em geral bem como sugerir a utilização deste instrumento em atividades de educação musical.

segunda-feira, 9 de julho de 2012


Mais uma das muitas rodas que ocorreram em Swindon Inglaterra.
Mestre Corujão na roda com seu irmão e também professor de capoeira Nenem.
Na roda ainda Mestre Tucano, aluno Formigão.
Salve a capoeira do Piauí!

quinta-feira, 5 de julho de 2012



Origem do Berimbau

Sua origem se perde na poeira dos milênios, porque o instrumento nada mais é que um modelo de arco, um dos primeiros instrumentos usados pelo homem para produzir sons, há quase 20 mil anos.

 A grande dúvida dos estudiosos, até hoje sem resposta, é se foi o arco usado para atirar flechas que deu origem ao arco musical - tataravô do berimbau - ou se ocorreu o contrário. 
Seja comofor, o instrumento ganhou a forma que tem hoje entre as antigas tribos nativas africanas. Tudo indica que ele teria chegado ao Brasil já em 1538, junto com os primeiros escravos. Aqui, ele passou a ser identificado como elemento típico da capoeira.
 "O berimbau é a alma dessa mistura de dança e arte marcial, definindo tanto os movimentos quanto o ritmo", afirma a historiadora Rosângela Costa Araújo, doutoranda na USP e fundadora do Grupo Nzinga de capoeira-angola. Isso não significa, porém, que seu som hipnótico se mantenha restrito às rodas de luta.

Na África, ele marca presença como acompanhamento musical de rituais fúnebres - e no Brasil também foi usado, no século XIX, por escravos recém-libertados para atrair compradores para os doces que vendiam nas ruas. Apesar do jeitão de objeto improvisado, o berimbau é um instrumento sofisticado, capaz de emitir várias sonoridades.

 Numa roda de capoeira autêntica, ele costuma aparecer em trio, cada um com um diferente tamanho de cabaça (sua caixa de ressonância). Quanto maior ela for, mais grave é o som.

Fonte: Revista Mundo Estranho - Editora Abril

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Entrega de cordas aos alunos do Professor Nenem, em Swindo, Batizado de Capoeira, com a participação de Mestre Corujão e Mestre Tucano.

domingo, 1 de julho de 2012

Texto do Mestre Cobra Mansa

A Capoeira, como Mestre Pastinha disse, é tudo que a boca come.
É como o ar, sabemos que está lá, respiramos e precisamos dele; contudo, não podemos capturá-lo.
A Capoeira não pode ser limitada a um grupo de praticantes, por uma organização formal e muito menos por um grupo de Mestres que clamam o monopólio sobre ela.
A Capoeira vai além de todos nós. Nenhuma sociedade, comunidade, ou indivíduo jamais irá controla-la. Então, se praticamos a capoeira para nos afastarmos daquilo que ha de tradicional e repressivo dentro da sociedade e que desaprovamos tão fortemente, porque quereríamos institucionalizá-la?
Parece-nos um tanto contraditório, já que institucionalização significa seguir profundamente todos os protocolos e leis detalhadas da sociedade para que nos enquadremos nos esquemas administrativos e corporativos com alguma prática e sentido reais: independência fiscal, oportunidades de doações, coesão administrativa e grupal, etc...
Grupos diferentes de Capoeira, dentro da história e mais ainda nestas últimas décadas, tentaram criar uma instituição ou organização paralela somente para a Capoeira, e se tornaram tão restritas e repressivas como a instituição original da qual eles haviam tentado se afastar.
Em todas as partes do mundo nós vemos a corrupção e escândalos que instituições e indivíduos fazem. O sistema controla vários setores da sociedade com um número pequeno de pessoas tendo o monopólio absoluto sobre estes. Se olharmos para o Brasil como exemplo, vemos o carnaval e outras manifestações criadas pelo povo que foram institucionalizadas.
O povo que originalmente os criou foram os que mais perderam com isso. Antes de pensarmos em institucionalização da Capoeira, nós temos que perguntar por que querem nos organizar?
Porque quereríamos uma instituição para controlar o nosso estilo de vida? Quem vai ganhar com isso? A Capoeira? O capoeirista? Os burocratas? Será que estas instituições são realmente necessárias? Quem as controlara? Porque elas têm que ser tão repressivas, elitistas e ditatoriais?
Podemos confiar nestas instituições e nos seus líderes moralmente, financeiramente, fisicamente e espiritualmente? O que é que nós queremos? Nós queremos a institucionalização da Capoeira, ou uma comunidade de Capoeira que trabalhe com "o sistema" para obter honestamente o que precisamos sem nos inclinarmos para o que este sistema tem a nos oferecer?
Embora estejamos abertos para crescermos no espírito e conhecimento da Capoeira, queremos evitar a imposição de valores de um grupo de pessoas e burocratas que já tenham criado as suas próprias escalas de valores.
Queremos uma comunidade que celebre e encoraje a individualidade e a cooperação entre seus membros; uma comunidade mundial de capoeira que respeite diferentes valores, crenças, pontos de vista, práticas, etc.
Em resumo, o que queremos e uma comunidade que respeite as nossas diferentes estórias e histórias, as nossas vidas diferentes e o nosso crescimento em direções variadas para o seu próprio fortalecimento. Pois, é isto o que nós todos teremos para oferecer através do entendimento e do amor sob a prática e o espírito da capoeira.
Mestre Cobra Mansa.